Estamos acostumados com um único formato estrutural do que seja a escola e a sala de aula. É algo enraizado em nós culturalmente justamente por ser o único modelo conhecido, um tipo de arquétipo. Quando Carl Jung fala dos arquétipos, modelos de personas, ele mostra padrões repetidos no inconsciente coletivo das pessoas de geração a geração.
Isto nos dá a ideia da força que um arquétipo tem de nos
influenciar, o que torna notoriamente difícil a ruptura e a experimentação do novo, do desconhecido.
influenciar, o que torna notoriamente difícil a ruptura e a experimentação do novo, do desconhecido.
Aprendemos que a escola é o lugar onde os alunos aprendem o que o professor ensina.
Hoje em dia está difícil e podemos dizer, insustentável a manutenção deste modelo arquetípico de escola, mas...como criar um novo? De onde tirar idéias ou uma referência nova se ela aparentemente não existe?
Usei aqui a palavra “aparentemente” de propósito, pois este “modelo” existe e está bem diante de nossos olhos. Na verdade não é UM modelo e sim vários, e de tão óbvios não os observamos.
A escola atual usa um único modelo para todos os tipos de pessoas , como se todos aprendessem e se relacionassem com o conhecimento da mesma maneira: Professor falando e aluno escutando. No máximo alguns querendo parecer mais modernos colocam slides previamente preparados e os alunos recebem o conteúdo deles, ou seja, dá no mesmo. É a mesma lógica de sempre , só que incrementada com um pouco de tecnologia. E digo uma coisa- Tecnologia não é sinônimo de boa escola quando é usada na mesma lógica antiga, é só um substituto da voz do professor, que corre o risco até de ser visto como obsoleto no futuro.
O professor, a figura humana nunca será obsoleta, muito pelo contrário, é ele quem tem nas mãos a responsabilidade de reavaliar a realidade escolar e com muita sensibilidade e comprometimento encontrar soluções.
Como então a escola pode romper com o padrão e realmente inovar? Palavra tão presente hoje no mundo corporativo e que com urgência precisa fazer parte do vocabulário escolar. Escolas disruptivas, que percebem os individuos como únicos e potencializam o aprendizado.
Pessoas são diferentes e aprendem de formas diferentes... Esta frase tão clichê mas sempre tratada de maneira tão superficial é a chave da questão.
Vamos fazer uma analogia e usar alguns exemplos práticos para compreender melhor o “modo aprendedor” de cada um:
Ao fazer um bolo, como você procede?
a) Jogando ingredientes inusitados e testando coisas novas, pois se no final der tudo errado você não tem problemas em recomeçar?
b) Pesquisa sozinho uma receita, tenta compreender o processo e só quando se sente seguro vai lá e executa com segurança?
c) Pede ajuda de alguém que sabe e gosta do acompanhamento passo-a-passo (mediação) na execução da receita?
d) Pega os ingredientes, separa as porções nas medidas corretas, e organizadamente com a receita e modo de fazer em mãos, vai seguindo à risca o passo-a-passo?
Tenho certeza que você se identificou com algum dos tipos citados aí em cima, e, colocando esse exemplo em “tipos de aprendedores”, teremos aí 4 perfis de aprendizagem: a) o autodidata/pesquisador, b) O experimental, c) o mediado e d) o metódico.
Alunos A e B tendem a incomodar na sala de aula convencional, pois são práticos, autônomos e objetivos, não gostam de discurso sem sentido.
Alunos C e D geralmente são considerados “bons alunos”, pois gostam de ouvir e sempre recorrem ao professor, anotam tudo sistematicamente.
Sabendo que aprendemos de formas tão diferentes na “vida real”, porque a escola insiste em tratar todos como iguais? Não deveria ser como fora da escola? Todos buscando conhecimento da sua forma natural?
Experiências com BLENDED LEARNING (ensino híbrido) me mostraram que é possível respeitar os diferentes perfis de aprendizagem na escola com excelente resultado. O aprender acontece de forma leve e expontânea, e relatos de alunos como: “Tive a sensação de que a aula era minha”, “ Não me senti entediado durante a aula” , são motivações que me levam a seguir neste caminho.
É claro que não vejo esse como o único caminho, mas como estudiosa e observadora vou aprendendo sempre para que a cada dia novas descobertas sejam possíveis.
Nas próximas postagens falarei melhor sobre cada perfil e como experimentar este método em sua sala de aula.
See you ;)