*meus sobrinhos João Miguel e Petrus |
Sempre ouvimos falar que as pessoas adoram ficar na zona de conforto. Aquele lugar conhecido onde não precisamos de esforço de adaptação, onde as coisas acontecem quase que no automático.
O caso é que já nascemos no total desconforto. Sair da barriga da mãe exige uma boa dose de esforço e adaptação. Aprender a andar, falar m manter relações sociais, interpretar o mundo é aprendizado.
Ou seja, o natural é aprender , já nascemos aprendendo.
Não é contraditório que justamente a escola, que deveria ser o espaço de aprendizado ativo seja a responsável por bloquear este processo?
Aprender envolve imaginação, criatividade, pesquisa, curiosidade e principalmente necessidade.
Aprendemos a falar porque é necessário comunicar. Aprendemos a andar porque é necessário se locomover.... e assim por diante, ou seja: Aprender algo novo sempre envolve uma resposta a uma urgência, seja ela qual for.
Pode ser desde a vontade de ser um bom fotógrafo ou a criação de um antídoto para curar uma doença. É assim que funcionamos, queremos respostas para questões reais, queremos resolver problemas.
Quando uma criança está empenhada em aprender a ler, ela está doida para sanar seu problema, que no caso, é decifrar o código de escrita que ela enxerga pra todo lado. Ela quer fazer parte deste "mundo escrito" e isto a motiva a aprende-lo.
Não existe zona de conforto neste processo. É descobrir e desvendar. além de paralelamente desenvolver e treinar habilidades motoras para a escrita.
Pense na quantidade de energia investida neste processo - Não tem coisa mais linda que acompanhar uma criança avançando na alfabetização.
Ler, escrever e calcular são desafios instigantes à maioria das crianças e o motivo é bem óbvio: resolve problemas reais que elas tem.
Ler as palavras na rua, se comunicar por escrito, conseguir enumerar seus brinquedos entre outras coisas é uma conquista fascinante.
Mas...vem o depois....
Quando a escola perde a graça. Quando se começa aprender por aprender, porque vai cair na prova, porque vai cair no vestibular...
A escola perde o brilho que só a curiosidade é capaz de proporcionar. A escola para de resolver problemas reais da crianças e elas são condicionadas a aprender para o futuro, como se aquele tempo- a infância e adolescência - fosse só um ensaio para a vida adulta. Não existe conexão com a vida que está acontecendo . A vida acontece e tem seu valor a todo momento, a cada fase.
Como a escola pode reconhecer a importância de cada etapa respeitando as individualidades e promovendo o aprendizado significativo é nosso maior desafio como educadores.
Débora Aquino - Educação Criativa